Adoro quando acaba o horário de verão. Ainda mais agora, que estou
levantando antes do sol nascer. Acredite quem quiser. Até eu duvido! Mas só
gosto do fim do horário de verão no período da manhã. À tarde sinto falta dos
dias mais longos, das tardes mais compridas. Por mim teria horário de verão o
ano todo. Mas apenas no período da tarde. Não no período da manhã. Nunca tive
dificuldade para me adaptar ao fuso, nas vezes que viajei para o Oeste. Quando
viajo para o Leste, é um caos biológico. Mal começo a me adaptar, e já é hora
de voltar. Talvez seja melhor viajar apenas para os outros pontos cardeais.
Adaptar-se às mudanças do horário de verão é como fazer dieta. Não sou
adepto e não tenho o hábito. Mas não me importo de fazê-las, desde que seja
entre as refeições e que respeite os finais de semana. Banho frio acho uma
delícia, na praia, para tirar a areia. Ou num riacho, numa cachoeira. Nos
outros 367 dias do ano, prefiro banho morno ou quente.
Voltando ao tema alimentação, nunca exagero. Como só até ficar
satisfeito. Depois de saciar a fome, a vontade de comer e a gula. Claro, sempre
reservo espaço para sobremesa e cafezinho. Mas prefiro alimentação saudável,
aquela que me faz bem, que me dá prazer, que balanceia bem o peso na balança
com o peso na consciência. Se preciso for, um abacaxi na sobremesa ou limonada
para auxiliar na digestão. Afinal, outras refeições virão! Uma caminhada ajuda.
Fumei durante 18 anos. Nunca achei difícil parar de fumar. O difícil
era não voltar. Não voltei, desde o último cigarro, há doze anos. Pudera, a
vida de fumantes hoje em dia deve ser um saco, cheia de restrições. Bons
vinhos, apesar de apreciá-los, paro de bebê-los sem dificuldade, assim que a
garrafa acaba. Bons vinhos não são como cervejas que se compram às dúzias. Aprecio
e valorizo cada gole.
Não tenho problema com vícios. Chimarrão, por exemplo: tomo há uns 30
anos diariamente e não viciei. Apesar de sentir falta quando viajo e fico dias
sem tomá-lo. Fico seco de vontade. Mas passa assim que volto a tomar.
Nunca precisei de muito dinheiro para ser feliz. Apenas o suficiente
para comprar ou pagar pelo que tinha vontade. Pena que nem sempre essa conta fecha.
Acabo administrando minhas vontades e vou levando. Pra quem pensa que sou um
grande poupador, não sou. Gosto de gastar com o que gosto. Apenas aprendi que
ganhando e juntando antes de gastar pode-se aproveitar melhor o dinheiro e o
que ele pode nos proporcionar.
A vida é tão simples. Pra que complicar? Fim do horário de verão? Vamos
acertar o relógio e bola pra frente.
Álvaro Modernell