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sexta-feira, 27 de março de 2015

Páscoa: mais afeto, menos chocolate



Angélica Rodrigues Santos *

Com a chegada da Páscoa, os apelos ao consumo de chocolates aumentam. E, para os comerciantes mais criativos, até outros produtos são atrelados aos desejos de “Feliz Páscoa”. Estão valendo kits de sabonetes, cremes e muitos outros objetos. Afinal, quem não quer ganhar uma lembrança de Páscoa? Isso acaba envolvendo muitas pessoas, não é mesmo?

Se fizermos uma análise mais cuidadosa, veremos que o sentido da Páscoa é algo muito mais amplo e bem diferente da entrega de chocolates.

Páscoa significa “passagem” e é uma maneira de celebrar a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, e ainda, a ressurreição de Jesus Cristo, que passou da morte para a vida. O simbolismo, no primeiro, fica ligado à travessia de uma vida difícil e injusta para uma vida melhor, com mais liberdade e qualidade. E, no segundo, refere-se também a uma mudança de estágio: das trevas para a luz. A tônica, então, é a mudança para uma vida nova.

Por isso, aproveite este momento especial do calendário e faça uma reflexão: do que você quer se libertar? O que você deseja mudar em sua vida? Se você tem dívidas, esta pode ser uma ocasião para decidir deixá-las para trás e realizar ações concretas para sua liberdade financeira.

Entre no clima das propagandas e dos sentimentos que evocam, mas de outra maneira: em vez de entrar na onda do consumo frenético de chocolates,  procure fazer uma revisão na sua vida financeira. E ative o seu desejo mais profundo de mudança, de virar a página das dívidas ou do aperto financeiro e entrar definitivamente no azul: uma passagem para um vida melhor.

Se ainda não colocou seus objetivos no papel, aproveite para fazê-lo. O que gostaria que fosse diferente na sua vida? O que é preciso mudar?

Foque nisso e comece a trabalhar essas metas com sua família. Se você tem filhos, inclua as crianças nessa aventura. Comece a ensinar essa ideia de “páscoa-passagem”. Isso não significa que você não vá presentear ninguém com chocolates, mas esse não é o foco principal da festa e sim a intenção de crescimento e libertação.

Os chocolates podem ser apenas um detalhe, algo mais modesto, dentro do seu orçamento. Se não for possível comprá-los, experimente fazer algo em casa. Valem bombons, brigadeiros e até geleias! Inove com doces ou biscoitos. O mais importante é transmitir seus sentimentos de bem querer e a torcida por uma vida melhor! Faça cartões que transmitam seus votos e não deixe de comemorar a Páscoa porque você está sem dinheiro. Descubra uma nova maneira de celebrar essa data e encontre um novo sentido nela. Busque receitas com amigos ou na internet. Faça diferente! Você pode enxugar gastos, que teria com os tradicionais ovos, e ainda se divertir na cozinha! E pode também aproveitar a data para “ganhar um extra”, criando todas essas coisas para vender.

Outro aspecto que induz as pessoas a comprarem muitos ovos de Páscoa, especialmente para presentar as crianças, é o sentimento de culpa que sentem. O pai que está muito ausente, a mãe que não tem tempo para ficar com os filhos, acabam tentando materializar o afeto em forma de chocolates. Cuidado também para não tentar medir o tamanho do amor pelo tamanho do ovo. Lembre-se de que o comércio tentará seduzi-lo com inúmeras propagadas com apelo emocional, que atrelam o consumo ao afeto.

Pense e reveja sua rotina: é possível estar mais com os filhos, com a família e amigos? Ou talvez com você mesmo? Exteriorize o carinho que sente por eles e por você com palavras de ternura, cartões gentis e gestos amorosos. Nesse quesito, use e abuse da criatividade! Enxugue gastos, consuma menos e experimente ter uma Páscoa com menos chocolate e mais afeto!

* Psicóloga, professora e supervisora, autora do livro “Família, afeto e finanças – como colocar cada vez mais dinheiro e amor em seu lar”, em parceria com Rogério Olegário do Carmo (Ed. Gente)

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