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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Autores da Casa são destaque no Correio Braziliense I

Alessandra Roscoe e Beatriz Roscoe, assim como Raquel Gonçalves e Célia Madureira aparecem como destaque no caderno Diversão & Arte do Correio Braziliense desta sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010. Outro autor que aparece na mesma matéria é Eduardo Loureiro. Veja a matéria abaixo.
Para a criançada ler

Muitos começam contando histórias para os filhos, outros trabalham em educação e há aqueles que buscam um novo estilo literário. No fim da história, todos são escritores infanto juvenis de primeira
Nahima Maciel
O livro infanto-juvenil foi o segmento mais produtivo no mercado de venda de livros no Brasil durante o ano de 2009. Uma pesquisa da Associação Nacional de Livrarias indica que a produção literária para crianças e adolescentes passou à frente da ficção e da religião. O segmento vende bem, mas também produz muito. A jornalista Alessandra Roscoe é um reflexo do fenômeno. Em 2006 publicou o primeiro livro e, desde então, assina cinco títulos disponíveis no mercado e tem mais seis para serem lançados este ano. Alessandra faz parte de um grupo de autores recém-chegados ao universo da literatura para jovens leitores. São escritores que descobriram o nicho nos últimos sete anos, gente que começou a escrever para o público mirim e não quer mais saber de outra coisa. Em Brasília, boa parte deles integra a Casa de Autores, instituição fundada pela livreira Íris Borges para reunir autores radicados na capital. A própria Íris, ao lado de cinco autores selecionados pelo Diversão & Arte, é estreante no mundo da literatura infanto juvenil. Veja abaixo o que há de novidade na produção brasiliense do gênero e quais são os novos nomes desse cenário.
Parceria em família

Foi a filha Beatriz quem motivou a jornalista Alessandra Roscoe a transpor para o papel as histórias contadas antes de dormir. A primeira, A menina que pescava estrelas, ganhou ilustrações da própria Bia, na época com 5 anos, e foi publicada em 2006. Pouco depois, a história da garota que roubava as estrelas do céu virou filme de animação e motivou a família a investir num segundo livro. O jardim encantado também nasceu da invenção de histórias que Alessandra conta todas as noites para Bia e os dois irmãos, Felipe e Luiza. "Minhas histórias partem do meu dia a dia com as crianças. Felipe estava estudando os bichos de jardim e em processo de alfabetização. Um dia, fazendo com ele a tarefa de casa, criei o texto que explora a musicalidade das palavras e trabalha a questão da diferença. Então fiz a história da joaninha que tem só uma pintinha."

A fada emburrada, terceiro a ser publicado e campeão de vendas entre as histórias assinadas por Alessandra, começou a tomar forma quando Bia ficou emburrada durante um almoço de família e O jacaré de bilé, inspirado em Felipe, ganhou ilustrações de Ítalo Cajueiro. Este semestre será a vez de O menino que virou fantoche. "O escritor de literatura infanto-juvenil ainda é considerado um escritor menor e isso é uma briga grande porque temos literatura infanto juvenil de altíssima qualidade. E literatura não tem idade", avalia Alessandra. "Estou lançando seis livros em um ano e é absurda a quantidade de editoras especializadas em infanto juvenis no Brasil. É um bom produto, apesar de toda uma cultura da não leitura e de pai que compra brinquedo, celular e tênis mas acha caro dar R$ 30 em um livro." Para o aniversário de 50 anos da capital, Alessandra também lançou Brasília em figurinhas, álbum que conta a história da cidade com texto e autocolantes de fotografias. "Foi adotado em várias escolas e a primeira edição, de dois mil exemplares, está esgotada." Para Luiza, Alessandra já tem prontas outras histórias.

Rato do acaso

Foi na Biblioteca Livre da Escola Classe 18, em Taguatinga, que Racumim e Racutia ganharam corpo e história. A dupla de professoras Maria Célia Madureira e Raquel Gonçalves Ferreira inventou os personagens para facilitar a aproximação entre as crianças e os livros. O sucesso levou os bichos para o papel. Célia e Raquel publicaram a primeira história de Racumim em 2005 com o título de Deu rato na biblioteca. Em seguida vieram Os amores de Racutia e O rato adormecido. "Na verdade a gente nem tinha a intenção de escrever livros, começamos a montar histórias para poder apresentar na escola e incentivar as crianças a irem à biblioteca, porque biblioteca em escola pública não é biblioteca, é puxadinho", lembra Célia. "Lançamos três livros, mas temos uns nove na gaveta." Enquanto as histórias não saem da gaveta, vestidas de Racumim e Racutia, Célia e Raquel encenam as narrativas inéditas na entrada da biblioteca e em outras escolas.

Inspiração escatológica

As histórias inventadas por Eduardo Loureiro não têm bailarinas, príncipes e princesas. Pode até ter gente de contos de fadas, mas eles nunca serão tão certinhos, limpinhos e organizados como os personagens clássicos. Os heróis de Loureiro falam de pum, meleca, morte e depressão. "Várias das minhas histórias tratam de questões mais delicadas. São assuntos que vêm de uma forma natural, penso que a gente não deve criar um mundo cor de rosa para criança, a criança tem habilidade de lidar com tudo", acredita o autor, que publicou o primeiro livro, A concha e a borboleta, em 2000. "Gosto de pensar que escrevo para a criança interna de todo mundo. Comecei fazendo textos que eram para adultos, mas com formatação infantil", avisa o professor de pedagogia e cronista cearense que veio morar em Brasília há três anos e guarda uma gaveta com 40 histórias inéditas em busca de uma editora.




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J3

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