Foto: Paulo de Araújo
Esqueci de tudo. Não lembro a primeira vez disso ou daquilo. E no entanto sigo contando. Ficou mais fácil depois que descobri algumas coisas sobre a memória: que ela é o nosso mecanismo de esquecer, não de lembrar. Que é ela que nos permite selecionar o que fica e o que passa, guardar e perder os fatos da vida. E que ela jamais vai corresponder à verdade, apenas à nossa apreensão da verdade. Nossa versão. Assim fica mais fácil. O que conto está completamente sujeito à minha leitura, sem compromisso com registro histórico. Portanto, estejam certos que quase tudo deve estar errado.
Clara Arreguy (fragmento de "Memória para esquecer", inédito)
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