Aprendi a gostar de ler estimulada pelo
livro de Viriato Correia: Cazuza, um
menino que, na ilustração da capa, segurava as calças curtas num suspensório de
alça única. Queria saber a história que motivara as ilustrações do livro. Isso
aconteceu no Rio de Janeiro, onde nasci e vivi os primeiros anos, na Rua Fonte
da Saudade. Depois fui mudando de colégio e de países, aprendendo a língua que
se fala neles, além de aprender a tricotar em francês, a ver televisão em
inglês, a jogar basquete em espanhol e a rezar em latim, quando estudei no
colégio interno. Lembro que em Genebra, Suíça, quinta-feira era dia de folga e
sobrava tempo para pular corda e andar de patinete. Em São Francisco,
Califórnia, querendo ser como todo mundo, saudava a bandeira americana e
estudava matemática trocando os pontos pelas vírgulas. Na América Central, além
de que a terra tremeu, tive de escrever com o sinal de interrogação virado de
cabeça para baixo e o acento agudo contrariando as regras da nossa língua.
Sorte que nas mudanças de colégio e de países por onde andei — até parar em
Brasília — nunca deixei de levar comigo O
Sítio do Pica-Pau Amarelo e a coleção Menina
e Moça, que me deram base para ser uma escritora brasileira.
Margarida Patriota
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