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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Minha biografia



Aprendi a gostar de ler estimulada pelo livro de Viriato Correia: Cazuza, um menino que, na ilustração da capa, segurava as calças curtas num suspensório de alça única. Queria saber a história que motivara as ilustrações do livro. Isso aconteceu no Rio de Janeiro, onde nasci e vivi os primeiros anos, na Rua Fonte da Saudade. Depois fui mudando de colégio e de países, aprendendo a língua que se fala neles, além de aprender a tricotar em francês, a ver televisão em inglês, a jogar basquete em espanhol e a rezar em latim, quando estudei no colégio interno. Lembro que em Genebra, Suíça, quinta-feira era dia de folga e sobrava tempo para pular corda e andar de patinete. Em São Francisco, Califórnia, querendo ser como todo mundo, saudava a bandeira americana e estudava matemática trocando os pontos pelas vírgulas. Na América Central, além de que a terra tremeu, tive de escrever com o sinal de interrogação virado de cabeça para baixo e o acento agudo contrariando as regras da nossa língua. Sorte que nas mudanças de colégio e de países por onde andei — até parar em Brasília — nunca deixei de levar comigo O Sítio do Pica-Pau Amarelo e a coleção Menina e Moça, que me deram base para ser uma escritora brasileira.


Margarida Patriota

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