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segunda-feira, 11 de março de 2013

Às marias do Brasil - no Dia Internacional da Mulher


Sempre que surge uma data comemorativa, me pergunto: Por que apenas um dia? Por que não lembrar isso todos os dias do ano? Aí meu lado racional tenta explicar que uma data é um resumo, uma chamada, um compromisso com o objeto da homenagem. Por isso, o Dia Internacional da Mulher. Ocasião propícia para que se formulem ou se intensifiquem políticas públicas que ajudem a diminuir o secular abismo que sempre separou o homem da mulher; que as mulheres consigam entender a responsabilidade que devem ter para com elas próprias, para que se enxerguem como seres de importância real para a construção de um mundo melhor, onde não devem mais ser permitidos atos de violência. E me refiro à violência com todas as suas faces cruéis: a física, a sexual, a moral, a econômica, a doméstica, a social e tantas outras que surgem a cada dia.

E é às marias brasileiras que dedico um poema de Cora Coralina. Cora, coral, coralina, aquela que foi um dos maiores símbolos da luta pela afirmação da mulher, numa época em que as condições eram adversas e perversas. Ainda assim, essa mulher vigorosa, à frente do seu tempo, nos deixou um legado que traduz toda a sua sensibilidade, numa visão futurística do real papel que as mulheres devem exercer na sociedade. Das panelas de doce às páginas literárias, uma caminhada palmilhada de sofrimento e de alegria; de realidade e de sonhos; uma vida tecida com a mais fina renda da feminilidade.

Elba Gomes



Assim eu vejo a vida

Cora Coralina

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

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