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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Estudiosa da língua portuguesa fala sobre erros de redação jornalística mais comuns

Guilherme Sardas

Muitos jornalistas adorariam ter na redação uma colega como Dad Squarisi. Além de editora de Opinião do Correio Braziliense, ela é estudiosa da língua portuguesa e expressão oral e escrita. Um de seus livros, “Escrever melhor” (Contexto, 2008), assinado com a jornalista Arlete Salvador, figura entre os livros de não ficção mais vendidos do país – ocupa a 14ª colocação no ranking do Publishnews e está na 6ª edição, fora duas edições pocket

Também apresenta o "Fale Certo", quadro que vai ao ar às quartas-feiras no telejornal do meio-dia da TV Brasília, e assina a coluna "Dicas de Português", publicada em 15 jornais do país.

Mesmo que trabalhe quase sempre aspectos estruturais do texto, úteis para todo tipo de redação, é inevitável que a autora tenha uma visão crítica sobre os textos jornalísticos, parte de sua rotina diária no Correio, onde também mantém o "Blog da Dad", sobre a língua.

Para ela, a piora gradual dos textos jornalísticos deve-se à carência de profissionais qualificados nas redações, unida a um agravante considerável: a pressa. “É uma moçada de 22 ou 25 anos, recém-formada, que já carrega falhas de formação e ainda trabalha demais”. Confira o bate-papo na íntegra.

IMPRENSA – Os textos jornalísticos de hoje são piores do que antigamente?
DAD SQUARISI – São textos piores do que os que já tivemos. As redações perderam os profissionais mais qualificados. São muitos jovens. Toda uma meninada de 22 ou 25 anos. Então, há a falta de experiência em redação, mesmo. Além disso, as redações estão muito enxutas. Então, essa moçada trabalha demais, em redações muito enxutas, já carregando as falhas de um ensino médio e fundamental ruim. Mesmo as boas revistas estão sofrendo com a má qualidade do texto.

O problema é mais grave nas redações digitais?
Nas redações digitais, tem uma praga da redação que é achar que o leitor de internet aceita tudo. Não há o menor cuidado. Existem pesquisas que mostram que mais de 80% do público que acessa a internet está em busca de informação. E ele quer informação bem apurada e bem escrita. É preciso ter em mente que o leitor da internet é tão exigente quanto o leitor do impresso.

Quais são os erros mais comuns cometidos pelos jornalistas?
A estrutura do texto. É um samba do texto doido. A falta de articulação, desenvolvimento e conclusão. Segunda coisa são erros de carência vocabular, muita repetição de palavras e de estruturas. Terceiro: erros gramaticais, que muitas vezes são erros da pressa. Às vezes, o repórter não tem tempo para revisar, nem o editor. 

O que você destaca dos erros menos óbvios?
Chamo de erros sofisticados, com pedigree.  Eu digo assim: “Além de estudar, também trabalha no Congresso”. O “além de” indica adição, assim como o “também”. É um pleonasmo mais sofisticado. Outra coisa que se vê muito em caderno de esportes é o uso errado do verbo “manter”. “O treinador mantém a mesma equipe”. Se mantém só pode ser a mesma equipe. Outro ponto são parágrafos que começam sempre da mesma maneira, por exemplo, sempre com artigo e substantivo. Não sei se pode considerar um erro, mas torna o texto muito monótono. 

O que você indica para aqueles que sentem a necessidade de aprimorar o texto?
A primeira coisa é que façam cursos de língua portuguesa. Não tenham constrangimento. Há cursos muito ágeis que preparam para concursos. Sugiro também que se faça uma leitura de ponta a ponta de uma gramática. Por que isso é importante? Porque, no momento da dúvida, a pessoa sabe ao menos onde procurar a informação. Muita gente não sabe nem onde procurar. Ou seja, estudo e leitura, não precisa ser nem de literatura, mas de bons textos. Não há empregador que assuma essa responsabilidade. A responsabilidade é dele. Ele tem que correr atrás.



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