Maio é o mês de Maria, mãe de Deus, e por extensão, ainda que díspar, o mês dedicado às mães terrenas. E, claro, nessa comemoração estão incluídas as avós. Sim, nós, as avós, somos mães duas vezes. Há até quem diga que somos mães três vezes, visto que os parceiros amorosos também querem cuidados maternos, nesse caso, avoengos.
A digressão me conduz diretamente às minhas netinhas, lindas
como nossos descendentes sempre são...
Pois bem, um dia desses fui dormir na casa da minha filha
Gi. Como sempre, Letícia, menina de seis anos, veio conversar e brincar comigo.
Entre um caso e outro, a Lê achou meu terço e, com ele,
começou a provocar a gatinha Titi, que dava pulos altíssimos, buscando alcançar
meu terço, resquício da fé trabalhada no colégio de freiras.
Cansada das cabriolas da Titi, Letícia deitou-se ao meu lado
e perguntou:
- Vovó, quando você reza nessas continhas, Deus escuta você?
- Claro, Letícia!
- Mesmo se for bem baixinho?
- Ouve, sim!
- De verdade, mesmo?
- É sim. Eu não preciso falar nem mexer os lábios. Só de
pensar na oração, Deus escuta.
- Mas que orelhona, hein, vovó!
Na opinião da Lê, Deus tem orelhas enormes, para captar a
voz da humanidade. Depois desse episódio, incluí mais um desejo em minhas
orações: peço a Ele para eu ficar cada vez mais orelhuda, para escutar o que
meus semelhantes têm a dizer.
Edna Vieira Rocha de
Rezende
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