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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Liberdade artística x mercado – a velha discussão...

 

Volta e meia, sou abordado por escritores iniciantes, em palestras ou por e-mail, perguntando-me sobre os limites da assim chamada "liberdade literária".

Colocando de outra forma: quanto de liberdade podemos usar quando produzindo um texto e quanto precisamos nos ater a regras? E que regras são essas, afinal? Diálogo precisa começar com travessão? Posso escrever com erros de português se estiver representando um personagem que fala ou escreve errado? Posso escrever um livro da mesma forma que falo? E da mesma forma como escrevo em um blog?

A pergunta, obviamente, é capciosa, e a resposta ainda mais.

No meu entendimento, teoricamente você pode fazer o que quiser quando está escrevendo. 

Digo teoricamente, assim, em itálico, porque há pelo menos dois grupos importantes a considerar:

·         Seus leitores. Se você quer agradá-los, precisa escrever algo que seja adequado ao seu público-alvo. Quem compra um livro não espera (por enquanto) encontrar um diálogo do tipo "Vc naum gosta dela? kkkkkk!".

·         As editoras. Se você está pensando em vender seu trabalho para uma editora, deve considerar que um texto com erros propositais, com experimentalismos ou qualquer coisa que torne a leitura exageradamente difícil, é pouco recomendado, especialmente para novos escritores.

Isso quer dizer que você precisará "sacrificar sua arte em prol do comércio"?

Não.  Apenas significa que você precisará, como todo profissional, estudar, treinar, aperfeiçoar sua capacidade de se expressar dentro da sua arte – a escrita – para conseguir, de forma mais precisa, mais completa, mostrar o que deseja mostrar – sem vícios e erros que aparecem com a desculpa da "liberdade artística".

Obviamente, quanto mais famoso você for, mais liberdade terá para escrever do jeito que quiser – mas enquanto não chegar lá, provavelmente precisará ser bem mais conservador. Lembre-se que Picasso (foto), no início da carreira, era um exímio retratista, e só depois da fama mostrou ao mundo a arte do jeito que ele realmente desejava mostrar!

É como dizia o apóstolo Paulo: "Tudo posso, mas nem tudo me convém"...


Alexandre Lobão

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