Quando
pergunto às pessoas a quem elas recorrem quando querem se informar ou tomar uma
decisão sobre investimentos, a maioria responde “ao meu gerente de banco,
afinal, ele é a ‘pessoa’ do mercado financeiro”. Segundo Aurélio Buarque de
Holanda no "Novo Dicionário da Língua Portuguesa", “gerente. [Do lat.
gerente.] Adj. 2 g. e s. 2 g. que ou quem gere ou administra negócios, bens
ou serviços”.
Há tempos,
nos bancos só havia um gerente – o da agência. Era ele que a administrava e
geria os negócios. Mais recentemente, os bancos descobriram que a maioria das
pessoas não administra as próprias contas. Isso se dá por falta de tempo, por
procrastinação, por desconhecimento e outros motivos. Desse modo, foram
colocados “gerentes” para cuidar delas. Hoje, diversos funcionários em um banco
têm o título de gerente. É o gerente de contas. Você se refere a ele como “o
meu gerente”.
Seu gerente?
Por acaso ele é seu funcionário, pago por você para administrar e gerir seus
negócios? Creio que não. Pior ainda, você acha que ele, além de seu gerente, é
seu amigo? Lembre-se: para ele você é, simplesmente, cliente. Portanto, para
você, ele é um funcionário do banco, pago pelo banco, com pesadas metas para
vender serviços e produtos financeiros.
Cuidado.
Nessa hora a “amizade” serve para convencer você a aceitar um produto ou
serviço do qual você não precisa, que não pode contratar ou que até mesmo
desconhece – a título de ajudá-lo (o gerente) a cumprir metas. Pela “amizade”
ele concede a você um empréstimo. Desde que você contrate também um seguro, um
título de capitalização ou uma previdência privada – às vezes os três. Tudo
para, de novo, ajudá-lo. Além de ferir o Código de Defesa do Consumidor, ele
acaba emprestando a você parte do seu próprio dinheiro. Amigão, ele.
Quem investe
ou toma decisões financeiras baseadas nas orientações do “gerente-amigo” corre
o risco de ter os interesses sobrepostos pelos da instituição. É simples. O bom
funcionário atende, acima de tudo, aos ditames do empregador, e os produtos
indicados para você tendem a ser aqueles mais rentáveis. Para o banco.
Tire a prova.
Você já foi aconselhado a reduzir gastos ou a não usar o cartão de crédito para
evitar um endividamento? Já foi chamado para conversar sobre melhores opções de
investimentos para você? Taxas e tarifas, algumas foram baixadas por livre e
espontânea vontade do seu gerente? Ele já aconselhou você a NÃO contratar
títulos de capitalização, consórcios ou produtos de previdência privada? Já
sei, as respostas foram “não”!
Além disso,
você já viu o seu amigo gerente recomendando-lhe mudar de banco? Claro que não,
seu banco pode estar na iminência de quebrar e nada vai ser dito a você. E
mesmo que seu banco seja muito bom, sempre haverá bancos melhores que o seu;
porém, dificilmente seu gerente vai dizer isso.
Portanto,
assuma as rédeas da sua vida financeira. Dedique tempo a ela, informe-se sobre
o melhor de cada banco, tarifas, taxas, serviços, atendimento, fundos,
informações ao cliente. Pesquise qual banco atende você com mais rapidez, mais
qualidade e, se achar banco melhor que o seu, mude. Mude e gerencie a sua
conta. Afinal, o gerente dela é você. Ninguém mais.
Rogério Olegário
do Carmo é consultor financeiro pessoal e coautor do livro "Família, Afeto e
Finanças – Como levar cada vez mais dinheiro e amor em seu lar", em
parceria com a sua esposa, a psicóloga Angélica Rodrigues Santos.
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