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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Seu amigo, o gerente do banco



Quando pergunto às pessoas a quem elas recorrem quando querem se informar ou tomar uma decisão sobre investimentos, a maioria responde “ao meu gerente de banco, afinal, ele é a ‘pessoa’ do mercado financeiro”. Segundo Aurélio Buarque de Holanda no "Novo Dicionário da Língua Portuguesa", “gerente. [Do lat. gerente.] Adj. 2 g. e s. 2 g. que ou quem gere ou administra negócios, bens ou serviços”.

Há tempos, nos bancos só havia um gerente – o da agência. Era ele que a administrava e geria os negócios. Mais recentemente, os bancos descobriram que a maioria das pessoas não administra as próprias contas. Isso se dá por falta de tempo, por procrastinação, por desconhecimento e outros motivos. Desse modo, foram colocados “gerentes” para cuidar delas. Hoje, diversos funcionários em um banco têm o título de gerente. É o gerente de contas. Você se refere a ele como “o meu gerente”.

Seu gerente? Por acaso ele é seu funcionário, pago por você para administrar e gerir seus negócios? Creio que não. Pior ainda, você acha que ele, além de seu gerente, é seu amigo? Lembre-se: para ele você é, simplesmente, cliente. Portanto, para você, ele é um funcionário do banco, pago pelo banco, com pesadas metas para vender serviços e produtos financeiros.

Cuidado. Nessa hora a “amizade” serve para convencer você a aceitar um produto ou serviço do qual você não precisa, que não pode contratar ou que até mesmo desconhece – a título de ajudá-lo (o gerente) a cumprir metas. Pela “amizade” ele concede a você um empréstimo. Desde que você contrate também um seguro, um título de capitalização ou uma previdência privada – às vezes os três. Tudo para, de novo, ajudá-lo. Além de ferir o Código de Defesa do Consumidor, ele acaba emprestando a você parte do seu próprio dinheiro. Amigão, ele.

Quem investe ou toma decisões financeiras baseadas nas orientações do “gerente-amigo” corre o risco de ter os interesses sobrepostos pelos da instituição. É simples. O bom funcionário atende, acima de tudo, aos ditames do empregador, e os produtos indicados para você tendem a ser aqueles mais rentáveis. Para o banco.

Tire a prova. Você já foi aconselhado a reduzir gastos ou a não usar o cartão de crédito para evitar um endividamento? Já foi chamado para conversar sobre melhores opções de investimentos para você? Taxas e tarifas, algumas foram baixadas por livre e espontânea vontade do seu gerente? Ele já aconselhou você a NÃO contratar títulos de capitalização, consórcios ou produtos de previdência privada? Já sei, as respostas foram “não”!

Além disso, você já viu o seu amigo gerente recomendando-lhe mudar de banco? Claro que não, seu banco pode estar na iminência de quebrar e nada vai ser dito a você. E mesmo que seu banco seja muito bom, sempre haverá bancos melhores que o seu; porém, dificilmente seu gerente vai dizer isso.

Portanto, assuma as rédeas da sua vida financeira. Dedique tempo a ela, informe-se sobre o melhor de cada banco, tarifas, taxas, serviços, atendimento, fundos, informações ao cliente. Pesquise qual banco atende você com mais rapidez, mais qualidade e, se achar banco melhor que o seu, mude. Mude e gerencie a sua conta. Afinal, o gerente dela é você. Ninguém mais.


Rogério Olegário do Carmo é consultor financeiro pessoal e coautor do livro "Família, Afeto e Finanças – Como levar cada vez mais dinheiro e amor em seu lar", em parceria com a sua esposa, a psicóloga Angélica Rodrigues Santos.

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