Está
comprovado. Divulgar emagrece, enrijece músculos e exercita a paciência.
É mesmo
uma profissão de risco, raça e adrenalina. Exige noções de psicologia,
educação, oratória, artes circenses, artes cênicas, artes marciais,
neurolinguística, moda, bom senso, gastronomia, trânsito, filosofia, teologia,
física quântica... Ufa! Haja criatividade e jogo de cintura.
Como vou
muito às escolas acompanhado por divulgadores, quero contar algumas
curiosidades, manias e características de algumas figurinhas carimbadas:
- Conheço
um divulgador que usa uma camiseta popular para dirigir e uma camisa de grife
para entrar na escola. Uma vez, ele dirigiu de chinelos até o estacionamento.
Daí, retirou dois sapatos bem engraxados de um saco plástico e os calçou.
Entrou como um lorde na sala da coordenação.
- Conheço
uma divulgadora que fala tanto, mas tanto, que não dá brecha para ninguém
pensar. Ela pergunta e ela mesma responde. E como vende!
- Existe
um divulgador, muito simpático e tagarela, que cumprimenta até os cachorros da
portaria. Aliás, ele tem uma memória de elefante, sabe o nome de todos os
porteiros das escolas. E vende livro como pãozinho fresco!
- Por
outro lado, conheço uma divulgadora que fala o essencial, a presença dela
preenche o ambiente de paz. Ouve tudo o que os outros têm a dizer. Depois, em
poucas palavras, dá o seu recado. É batata! Sempre consegue o que quer.
- Uma
vez, um divulgador me levou a uma escola por engano, no outro extremo da
cidade. Curiosamente, a coordenadora dessa escola nos fez uma proposta: se eu
me apresentasse para os seus alunos, ela faria uma adoção no bimestre seguinte.
E cumpriu a palavra. O melhor de tudo foi que a coordenadora da escola para
onde deveríamos ter ido ficou aliviada e comentou conosco que havia cometido um
erro ao agendar a atividade em semana de prova. Apenas me pediu para autografar
os livros dos alunos e educadores. O divulgador distraído e eu rimos e nos
cumprimentamos.
-
Geralmente, as divulgadoras usam protetor solar para dirigir e têm água,
frutas, barras de cereais, balas, lenços de papel, agulha, linha e uma
perfumaria no carro. Já os divulgadores suam como cascata e costumam ter
desodorante, água e balas no carro, mais nada. Mas os divulgadores adoram parar
em padarias para beber suco, cappuccino ou pingado, comer um pão de queijo ou
um pão com manteiga na chapa. Quanto às divulgadoras, preferem saciar a sede e
a fome na escola.
Enfim,
sair com um divulgador, é, com certeza, deixar a monotonia de lado, pois algo
inesperado e mágico sempre acontece. Aliás, de que adianta escrever e editar
livros se não há quem os divulgue? Agora, cá entre nós, uma editora sem
divulgador é como um carro sem motorista. Não sai do lugar, não é mesmo?
Bem, fica
registrada a gratidão que todos os profissionais do livro e leitores têm para
com esses imprescindíveis parceiros.
Saúde e
felicidade aos divulgadores!
Amigavelmente.
Jonas Ribeiro, escritor
Muito bom.Parabéns à todos que fazem este importante trabalho.
ResponderExcluirAss:Nélia